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A Maternidade: o início da vida

Depois da concepção, a vida acontece de maneira extraordinária. A ciência nos revela através de exames, cada vez mais sofisticados de ultra-som o desenvolvimento físico do bebê. Ele se desenvolve de forma maravilhosa. Sabemos que a criança é um ser humano capaz de reações e que possui uma vida afetiva. O feto pode ver, entender, tocar, degustar e mesmo, aprender dentro do útero. Mais importante, ele é capaz de sentimentos, menos elaborados que os adultos, mas bem reais. Essa constatação é acompanhada de sua consequência: as percepções e os sentimentos da criança começam a modelar seu comportamento, assim como suas esperanças. A maneira como ele compreenderá, agirá, como indivíduo feliz ou triste, agressivo ou ponderado, seguro ou ansioso, depende em parte das mensagens que ele recebe no útero.

O desenvolvimento do feto se dá através das camadas embrionárias. A camada interna é responsável pela formação do abdômen, órgãos digestivos e pulmões. Gera energia para o corpo se manter vivo. Outra camada é a intermediária, ela forma o Sistema Cardiovascular e o Sistema Esqueleto-Muscular. Responsável pelo relaxamento ou contração muscular. O coração bombeia sangue através do corpo para carregá-lo de energia disponível para a ação. E a parte externa governa o fluxo de informação que entra e sai do corpo: Pele, órgãos dos sentidos, cérebros e nervos. Em algum momento da evolução do ser humano pode existir uma quebra da unidade do organismo. Esta perda da unidade afeta a integração funcional das três camadas embrionárias no corpo. Elas se desenvolvem na primeira semana de vida. O efeito desta quebra pode tirar a ação do pensamento e do sentimento, a emoção do movimento e da percepção, a compreensão do movimento e do sentimento. Ou seja, a pessoa muitas vezes passa a não ter uma integração entre o que faz, o que pensa e o que sente. Há uma quebra, pelos traumas ou experiências negativas que o feto teve durante a gestação. É importante ter consciência desta quebra, para que as mudanças necessárias ocorram, trazendo a reintegração do pensamento, sentimento e ação.

O feto pode ver a luz através da parede do útero, pode ouvir sons, tanto internos como externos. Pesquisas recentes mostram que o feto sonha mais do que a criança já nascida. A importância da pele e do contato da pele é que constitui nossa mais precoce e mais profundamente enraizada experiência do mundo. Muito antes de bebermos o mundo através do aparelho digestivo ou de andarmos, o mundo nos contata através do toque da parede do útero. Esta experiência poderá ser agradável ou não, dolorosa ou relaxante de acordo com a condição da mãe e de acordo com as relações que esta mãe estabelece. O feto passa três ou quatro meses movendo-se nas águas do líquido amniótico, ondulando-se minuto a minuto para frente e para trás. Este experiência é a base da sensibilidade do adulto a qualquer impacto vindo do mundo exterior, não só na superfície da pele, como dos órgãos dos sentidos. O feto tem prazer ao deixar que a lanugem de seu corpo faça os movimentos no líquido. Se algo neste momento interfere no desenvolvimento saudável do feto ele pode vir a ter, por exemplo, uma hipersensibilidade a luz ou ao som.

Na metade da gestação a mãe nota movimentos vigorosos, os chutes do bebê. São a base biológica da agressividade, mobilização do músculo da espinha. Os movimentos podem ser soltos, prazerosos ou tensos e contraídos, e a pessoa na fase adulta pode apresentar dificuldades de dançar, jogar futebol e mover a pélvis. A sensação positiva da mãe é passada para a criança através de bem estar e vitalidade, calor agradável. A emoção negativa manifesta-se como uma sensação de indisposição, ansiedade, desespero e mal-estar. A principal fonte dessas mensagens, a partir das quais se forma sua personalidade é a mãe. A ansiedade crônica ou uma ambivalência perturbadora dos pensamentos e sentimentos em relação à maternidade, pode deixar uma cicatriz profunda na personalidade da criança. Em contrapartida, emoções ricas e positivas, como a alegria, a felicidade e a espera, podem contribuir de maneira importante no desenvolvimento afetivo de uma criança sadia.

Quando se diz que a mãe é a principal fonte das mensagens para a criança, não se pode excluir o papel e os sentimentos paternos dessa situação, pois a relação que a mãe mantém com o pai, a demonstração de seus afetos para com a mesma e para com a criança é determinante para o bem estar materno e à criança que ela carrega. Consequentemente o papel paterno é um dos fatores essenciais que determinam o êxito de uma gravidez. É sabido que a criança distingue e reage à voz do pai, ao seu toque, de forma diferenciada. O feto é extremamente sensível aos sentimentos paternos e capta suas reações durante o período da gestação. Se o pai acolhe essa nova vida e espera com alegria o seu nascimento, a criança se sente segura e protegida. Mas se ele rejeita a mãe e/ou a criança, isso pode levar a uma sensação de inutilidade, a constantes sentimentos de inferioridade e falta de auto-estima. Pesquisas demonstram que a ausência de um pai durante o período pré-natal pode causar problemas psicológicos em períodos posteriores da vida. Também qualquer violência, tal como agressão física ou verbal dirigida à mãe durante a gravidez, é provavelmente recebida pela criança como se fosse dirigida a ela, pois esta última não percebe nenhuma separação entre ela e a mãe.

Qualquer ameaça à vida durante a gestação, ao que parece, pode causar angústia e medo a uma pessoa pelo resto da vida. Por exemplo, a possibilidade de aborto e o temor da mãe de perder um bebê podem levar o feto a receber a mensagem de "medo da morte" e sofrer com essa ansiedade tal como um adulto. Felizmente os bebês podem absorver e recordar amor e prazer tão bem quanto estresse ou trauma. O amor dos pais é a coisa mais importante que a criança experimenta no seio materno, e isso pode superar os efeitos negativos de muitos estresses e traumas. Como é importante os pais fazerem contatos amorosos com o feto no ventre materno. Eles podem, por exemplo, colocar suas mãos em ambos os lados do ventre e conversar com o bebê. Dessa forma sabemos que a gestação constitui os alicerces da formação da personalidade de uma pessoa.