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Amor x Paixão

Quando duas pessoas se conhecem e se sentem atraídas o que acontece muitas vezes? A paixão! A paixão é um sentimento de desejar a todo custo o amor do outro. Necessidade de estar com a pessoa pela qual se apaixonou, e uma necessidade de saber que aquela pessoa amada corresponde a este sentimento. Deste modo pode ser entendido como um "vício" que debilita a mente do indivíduo, um "sedativo" que suscita um prazer imenso pela pessoa amada. Idealiza-se a pessoa como alguém perfeito aos olhos do apaixonado. Não há nenhum defeito capaz de fazê-lo recuar ou ponderar: “Ele(a) é o meu número, o encaixe perfeito, a minha alma gêmea.”

Quantos poetas incansáveis já tentaram definir o que é este sentimento e do que ele é capaz de provocar nas pessoas. A pessoa apaixonada não pensa mais, age impulsivamente quando se trata de sua obsessão. O ser pensante dá lugar a um ser que não quer pensar mais, quer apenas sentir, sentir e sentir. As pessoas que o cercam observam este comportamento e já não sabem o que fazer porque orientar, aconselhar, abrir os olhos de alguém que não quer ouvir, não é tarefa fácil.

Mas vamos tentar com esforço racionalizar o irracional. Existem pesquisas científicas, que mostram que a paixão, apesar de intensa e arrebatadora, é um sentimento passageiro. Estima-se que a mesma dure de 6 meses a 3 anos. Quando o apaixonado começa a perceber que essa idealização, com o passar do tempo, foi equivocada, é gerada uma frustração. O processo começa então a se inverter, o apaixonado passa a enxergar o outro como ele realmente é, o que pode até gerar um sentimento inverso de extrema repulsa pelos sofrimentos suportados.

Podemos observar casos reais ou fictícios de pessoas que viveram uma paixão e levaram a sua vida ao extremo. Desde Romeu e Julieta aos amores de Picasso, o trágico amor de Camille e Rodin, a relação de Onassis e Callas, da poetisa Sylvia Plath, das histórias que você já viveu ou de alguém bem próximo. A paixão é semelhante ao mecanismo proporcionado por algumas drogas. Ao estar longe do amado, a pessoa entra numa “abstinência emocional” e pode ter sintomas semelhantes ao de uma pessoa dependente que fica longe de seu vício. Vamos separar duas situações.

A primeira diz respeito a paixão como algo que quase todos nós já experimentamos pelo menos uma vez na vida. Você conhece alguém se apaixona, idealiza, imagina o outro como um ser perfeito, não quer enxergar seus defeitos, vive por um tempo uma “cegueira emocional”. Passado alguns meses, as “fichas começam a cair” e você percebe que o outro é um ser normal com qualidades e defeitos, a empolgação inicial dá lugar a um sentimento mais estável, maduro que pode se transformar no amor, bem diferente dos altos e baixos experimentados anteriormente. Mas também importante. O amor gera uma relação mais calma, tranquila, traz paz ao coração.

Mas é preciso ficar atento para o sentimento de acomodação. O namoro engatou, depois o casamento e tudo parece ficar estável demais, morno. A rotina engoliu o relacionamento. Para estes casos tome uma atitude. Lembre-se dos gestos que você tinha que fazia toda diferença no relacionamento inicial. Quando você se preocupava em dar o que você tinha de melhor. A atenção, palavras amorosas, atitudes de companheirismo, cumplicidade e respeito. Tudo que se quer tem a ver com a sensação de ser especial aos olhos do outro, assim como uma criança precisa se sentir importante para seus pais. Como no filme onde o casal diz um para o outro: “Eu vejo você!” Simples assim. Resgatar os cuidados necessários para manter a chama acesa.

A segunda situação bem mais complexa diz respeito a algo extremo, a um sentimento de obsessão e patológico. Um sentimento de dependência que parece fazer o apaixonado pensar na morte como forma de alivar a dor profunda que ele sente ao imaginar a sua vida sem a presença do ser amado. Nestes casos, falamos de dependência emocional, de amor e ódio, de relações de vencedores e perdedores, e aí todo cuidado ainda é pouco. Muitos precisam viver assim e quando o ser escolhido já não provoca este “frisson” ele vai em busca de outro, e depois de outro e assim para sempre.

Qual o antídoto para este sentimento que desencadeia uma descarga de adrenalina capaz de fazer a pessoa perder a razão? É preciso se cercar de cuidados inclusive médico e psicológico para os dois, ou para aquele que quer se salvar desta montanha-russa de emoções avassaladoras e destruidoras. Curar a criança ferida e carente que se foi um dia, e que ainda busca no outro, uma forma de compensar o seu vazio. Tirar aprendizados dos relacionamentos anteriores para que não se repita mais uma vez os mesmos erros. A fórmula antiga de “gostar de quem gosta de mim” parece ser ainda o melhor caminho. E quem gosta…ama, cuida e respeita.