Encontrei um texto que fala de uma forma interessante sobre a humildade. O texto diz o seguinte:
"O que fundamentalmente não deixa as pessoas serem realmente humildes se relaciona à palavra "exagerar". Sempre são "demais". Humildes demais ou orgulhosos demais. Entregues demais, egoístas demais, doadores demais. Humildade é simplesmente o contrário de ser exagerado! Humildade é uma palavra que tem sua origem no termo latino humus, que significa "terra". Somos humanos da terra! Nada mais. Simplesmente isso! Não precisamos ser os melhores entre os humanos, apenas sermos humanos, reconhecendo nossos limites, nossas necessidades e fraquezas como questões que nos fazem iguais uns aos outros. Sentir-se parte da terra, produto do mesmo pó, leva à compreensão da mensagem do mais importante da nossa história, "Ama teu próximo como a ti mesmo."
Este mandamento só pode ser compreendido quando somos humildes. Quando admitimos que não gostamos de ser manipulados, que não gostamos de ser usados, que não devemos ser dependentes demais, que não nos agrada ser reféns de sentimentos abafados, que não nos agradam as pessoas falsas, que não gostamos de alguém que nos usa, que não queremos saber que alguém está de nosso lado apenas porque deseja um resultado ou visa um interesse que ignoramos, que não gostaríamos de saber que alguém nos mente ou engana, que não gostaríamos de saber que alguém nos ajudou ou nos deu algo esperando ter uma boa razão para nos cobrar algo em troca, e assim por diante! "Ama teu próximo Como a Ti Mesmo."
Você se ama? Se a resposta é não, então é difícil compreender a humildade. Quando uma pessoa começa a amar a si mesmo realmente, algo muda. Surge a humildade. Descobre-se que não é preciso atuar ou fazer de conta, que é bom ser autêntico, que se podem ter amigos verdadeiros e amores que não sufocam, que não é preciso parecer desamparado ou "carente" para merecer a atenção dos outros. Descobre-se o verdadeiro amor-próprio. Do mesmo modo que o falso amor-próprio precisa da constante consideração interna para existir, o verdadeiro amor-próprio precisa da constante certeza de poder ser autêntico e de considerar os "outros" como "próximos" com os quais se participa de uma mesma existência.
"Na realidade, a causa secreta de todas essas reações reside no fato de que não somos donos de nós mesmos e tampouco possuímos um verdadeiro amor-próprio. O amor-próprio é uma grande coisa. Se o amor-próprio, tal qual o consideramos habitualmente, é uma coisa repreensível, o verdadeiro amor-próprio, que infelizmente não possuímos, é desejável e necessário. O verdadeiro amor-próprio é o indício de uma alta opinião de si mesmo. O fato de um homem ter esse amor-próprio mostra o que ele é. Como já dissemos, o falso amor-próprio é o nosso pior inimigo, o freio principal às nossas aspirações e realizações.
Mas o amor-próprio é um atributo da alma. Através do amor-próprio pode-se entrever o espírito. O amor-próprio indica e prova que o homem é uma parcela do 'paraíso'. Por conseguinte, é desejável ter um amor-próprio verdadeiro.
O falso amor-próprio é inferno e o verdadeiro amor-próprio é paraíso. Ambos têm o mesmo nome; exteriormente são semelhantes, e no entanto, totalmente diferentes e opostos em sua essência. Mas se olharmos superficialmente, poderemos olhá-los durante toda a nossa vida, sem nunca distingui-los um do outro. De acordo com uma sentença muito antiga, Aquele que tem o verdadeiro amor próprio está a meio caminho da liberdade. Entretanto, se tomamos aqueles que estão aqui, cada um está com inflado com falso amor próprio. E, apesar do fato de transbordarmos do falso amor-próprio, não obtivemos ainda a nossa liberdade. Só o autêntico amor próprio nos liberta."
Algumas pessoas estão sempre buscando ajudar aos outros, porém não de uma forma totalmente altruística, mas também para receber como troca o amor das pessoas. Constroem suas relações de uma forma em que se tornem indispensáveis e se orgulham disso. Quando descobrimos isso, podemos escolher desenvolver a capacidade de dar amor de uma forma genuína. Não esperamos nada em troca. Simplesmente ajudamos o outro numa medida exata, sem exagero, sem a carga extra. Sem nos machucarmos. Neste caso, quando o outro não age como agimos, ou seja, não retribui o que fizemos, não ficamos frustrados, magoados, feridos. Porque ao fazer para o outro não esperamos retorno. Se o outro nos ajuda ótimo, mas se não ajuda, ótimo também. Faz se a escolha de ajudar no limite. Não se tem mais medo de dizer não, de ferir o outro assim como a pessoa foi ferida ao ouvir "nãos" ao longo de sua vida. Não se cria mais relações de dependência. A regra passa a ser ensinar a pescar e não dar o peixe pronto. As pessoas quando aprendem a se virar na vida não precisam recorrer ao outro todas às vezes que se vêem diante de uma dificuldade, porque elas puderam aprender a fazer escolhas por si, aprenderam a assumir todas as consequências destas escolhas. Parece tarefa fácil? Não é, mas se buscarmos aumentar a nossa percepção sobre nós mesmos, o aprendizado da humildade se tornará mais perto de ser alcançado. Fique atento, quando se sentir compulsivamente querendo ajudar alguém, fazer pelo outro (muitas vezes sem que ele tenha pedido), pare e pense pra quê? Você pode se surpreender e perceber que você está fazendo mais por você mesmo, pelas suas próprias carências de se sentir importante e valorizado e não fazendo porque o outro necessita de fato. Pense nisto.